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quinta-feira, 19 de novembro de 2015

#Autossabotagem - Atenção aos comportamentos automatizados!

Comportamento repetitivo

Muitos dos comportamentos repetitivos que temos são inofensivos, por exemplo: trancar a porta de casa ao sair, apagar a luz, escovar os dentes. Se alguém lhe perguntar se trancou a porta, se apagou a luz ou quantas vezes escovou os dentes, certamente vai parar para pensar, pois este tipo de comportamento repetitivo é automático, porém, sem que nada interfira negativamente em sua vida.
Devemos sim é ficar atentas ao comportamento repetitivo que nos destrói, que nos deixa para baixo, que dificulta a realização de nossos sonhos e consequentemente o desenvolvimento de nossas vidas.
Um exemplo clássico de comportamento repetitivo negativo é o famoso deixar para começar algo importante em uma “segunda-feira” qualquer. Em quantas segundas-feiras você de fato iniciou o regime, se matriculou na academia, no curso de inglês, deixou de fumar?

Como nos autossabotamos

Estamos acostumadas a automatizar quase tudo. Fazemos várias atividades sem nos darmos conta, simplesmente porque está automatizado. O problema é quanto automatizamos comportamentos e atitudes que nos fazem mal. Quem já não comeu até se empanturrar e depois se arrependeu de ter comido tanto? Isto é autossabotagem!
Você sabe que pela manhã terá um treino de bicicleta, mas na noite anterior fica até tarde no trabalho. Tudo o que não fez durante a semana, tudo que procrastinou, deixou para fazer na noite anterior à manhã do treino de bicicleta. Chega tarde em casa, come mal, dorme mal e muito pouco, e quando o relógio desperta às quatro ou cinco da manhã, o desliga e pensa: na próxima semana vou. Vira para o lado e continua dormindo.
O outro exemplo é um pouco parecido, só que a pessoa consegue ir para o treino, mas não dá conta de acompanhar o grupo. Neste momento começa a autocrítica, acha que deveria treinar mais para poder acompanhar o grupo, mas nunca o faz de fato. Acha que não tem a mesma capacidade, começa a buscar um monte de defeitos e desculpas, para justificar o mau desempenho, mas se esquece de que exagerou na noite anterior ao treino.
Na semana seguinte o mesmo padrão é repetido. Ter consciência sobre este padrão de comportamento autodestrutivo, ter consciência do ciclo da repetição pode ser um grande passo para a superação e mudança de atitude.
Procure perceber se o seu comportamento está repetitivo e te sabotando. Procure perceber o porquê deixou de ir ao treino, ou se foi, o porquê de não conseguir acompanhar o ritmo dos demais. Faça anotações. Deixe lembretes. Faça uma análise do real motivo. Encare o espelho e seja sincera consigo mesma: Dei-me mal no treino de hoje porque na noite passada, comi ou bebi demais, exagerei no trabalho, dormi muito tarde!

Porque sabotar-se?

Não há uma causa única, mas tente perceber se não se acha merecedora de algo bom, merecedora de um momento só pra si, se não se julga ser merecedora de fazer aquilo que a faz feliz. Talvez inconscientemente você acredite ser incorreto sair para uma pedalada enquanto milhões de outras pessoas já estão enfurnadas no escritório e só você terá o prazer de pedalar um dia na semana por uma hora apenas, mas ficar completamente feliz e realizada com isto.
Talvez você tenha entendido em algum momento de sua vida que não é seu direito fazer aquilo que lhe dá prazer. Frases ou palavras ouvidas e mal interpretadas na infância criam cenários tenebrosos no entendimento inocente e imaturo de uma criança e ficam gravados na “alma”.
Fique atenta se um padrão de comportamento a está afetando. A repetição deste padrão pode virar uma compulsão velada e consequentemente a autossabotagem acaba fazendo parte do seu cotidiano. Para amenizar a situação você se enche de desculpas, culpa a si mesma ou terceiriza a responsabilidade.
A autossabotagem é uma tentativa da sua mente de manter o status quo e garantir que nenhuma grande mudança ocorra e abale a manutenção do equilíbrio aparente da sua vida.
Sabe aquela pessoa que sempre tem uma desculpa para não ter se dado bem no treino? Sempre diz que trabalhou demais, que teve uma noite mal dormida. Arruma uma série de subterfúgios racionalizadores para não assumir o receio de insuficiência. Na realidade esta pessoa já tinha uma desculpa socialmente aceita para se justificar. Caso tivesse sucesso comemoraria, mesmo sabendo que não deu tudo de si. E diante de um eventual fracasso, pode atenuar sua culpa.

Quer sabotar a autossabotagem?

Faça um exercício. Pegue um bloco de anotações, coloque a data e justifique a sua não ida ao treino na data de hoje. Anote tudo em detalhe. Depois sinalize com um marca texto tudo aquilo que realmente poderia ter sido feito em outro dia, que não deveria ter sido procrastinado, que poderia ser feito no dia seguinte ao seu treino. É importante ser profundamente honesta consigo mesma, pois a ajudará a sair deste “looping” de negatividade.
Ter ciência de si mesma e de seu padrão de comportamento pode ser um caminho muito eficiente para seguir a vida de forma diferente. 
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filósofo Mario Sergio Cortella #Natal

Sempre é tempo de balanço, de rever trajetórias, de refazer escolhas. Fim de ano nos chama especialmente para isso. Em meio à correria das compras, dos encontros, dos comes e bebes, conseguimos um intervalo para a reflexão? Para nos perguntar: afinal, o que estamos fazendo nesta vida? O filósofo Mario Sergio Cortella tem levado esse tema a vários ambientes. Professor da Pontifícia Universidade Católica e da Fundação Getulio Vargas, ambas em São Paulo, e da Fundação Dom Cabral, em Belo Horizonte, ele foi discípulo do educador Paulo Freire e atuou como secretário municipal de Educação de São Paulo. "Minha pretensão não é dar respostas, mas elementos para as pessoas formularem melhor suas perguntas", disse no início da entrevista. 

Em época de Natal, a sensação é de que há algo a mais na atmosfera. Para uns, é encantamento, elevação. Para outros, apenas nervosismo, que se traduz em febre de consumo, excessos alimentares e conflitos interpessoais. Existe lugar para a espiritualidade em meio a tanta agitação? Em algumas situações, aquilo que chamamos de espírito de Natal" é algo cínico, que agrega os indivíduos em torno de festividades de conveniência. Mas há muitas pessoas que, independentemente de serem cristãs ou não, têm, nesta época do ano, uma verdadeira experiência do "comemorar". Gosto dessa palavra porque "comemorar" significa "lembrar junto". E do que nós lembramos? De que estamos vivos, partilhamos a vida, de que a vida não pode ser desertificada. 

Há uma pulsão de vida. 
Claro que, a todo instante, está colocada também a possibilidade de que a vida cesse. Somos o único animal que sabe que um dia vai morrer. Aquele gato, que dorme ali, vive cada dia como se fosse o único. Nós vivemos cada dia como se fosse o último. Isso significa que você e eu, como humanos, deveríamos ter a tentação de não desperdiçar a vida. Escrevi um livro chamado Qual É a Tua Obra?, que começa com uma frase de Benjamin Disraeli, primeiro-ministro britânico no século 19. Ele disse: "A vida é muito curta para ser pequena". 

Como não apequenar a vida? 
Dando-lhe sentido. A espiritualidade ou religiosidade é uma das maneiras de fazê-lo. A religiosidade, não necessariamente a religião. Religiosidade que se manifesta como convivência, fraternidade, partilha, agradecimento, homenagem a uma vida que explode de beleza. Isso não significa viver sem dificuldades, problemas, atribulações. Mas, sim, que, apesar disso tudo, vale a pena viver. Meu livro Viver em Paz para Morrer em Paz parte de uma pergunta: "Se você não existisse, que falta faria?" Eu quero fazer falta. Não quero ser esquecido. 

Fale mais da diferença entre religiosidade e religião. 
Religiosidade é uma manifestação da sacralidade da existência, uma vibração da amorosidade da vida. E também o sentimento que temos da nossa conexão com esse mistério, com essa dádiva. Algumas pessoas canalizam a religiosidade para uma forma institucionalizada, com ritos, livros - a isso se chama "religião". Mas há muita gente com intensa religiosidade que não tem religião. Aliás, em minha trajetória, jamais conheci alguém que não tivesse alguma religiosidade. Digo mais: nunca houve registro na história humana da ausência de religiosidade. Todos os primeiros sinais de humanidade que encontramos estão ligados à religiosidade e à ideia de nossa vinculação com uma obra maior, da qual faríamos parte. 

De onde vem essa ideia? 
Existe uma grande questão que é trabalhada pela ciência, pela arte, pela filosofia e pela religião. A pergunta mais estridente: "Por que as coisas existem? Por que existimos? Qual é o sentido da existência?" Para essa pergunta, há quatro grandes caminhos de reposta: o da ciência, o da arte, o da filosofia e o da religião. De maneira geral, a ciência busca os comos". A arte, a filosofia e a religião buscam os "porquês", o sentido. A arte, a filosofia e a religião são uma recusa à ideia de que sejamos apenas o resultado da junção casual de átomos, de que sejamos apenas uma unidade de carbono e de que estejamos aqui só de passagem. Como milhões de pessoas no passado e no presente, acho que seria muito fútil se assim fosse. Eu me recuso a ser apenas algo que passa. Eu desejo que exista entre mim e o resto da vibração da vida uma conexão. Essa conexão é exatamente a construção do sentido: eu existo para fazer a existência vibrar. E ela vibra em mim, no outro, na natureza, na história. 

Existe também a religiosidade que quer beber diretamente na fonte, que busca a relação sem mediações com o divino. O divino, o sagrado, pode ganhar muitos nomes. Pode ser Deus no sentido judaico-cristão-islâmico da palavra; pode ser deuses; pode ser uma vibração, uma iluminação. Independentemente de como o denominamos, há algo que reconhecemos como transcendente, que ultrapassa a coisificação do mundo e a materialidade da vida, que faz com que haja importância em tudo o que existe. Desse ponto de vista, não basta que eu me conecte com os outros ou com a natureza. Preciso fazer uma incursão no interior de mim mesmo, em busca da vida que vibra em mim e da fonte dessa vida. É essa fonte que alguns chamam de Deus. A conexão com essa fonte é aquilo que os gregos chamavam de sympatheia, que significa simpatia. Trata-se de buscar uma relação simpática com o divino. 

Como você busca essa relação? 
De várias maneiras. Às vezes, na forma de um agradecimento. Às vezes, na forma de um pedido. Às vezes, por meio de uma oração consagrada pela tradição - porque, como dizia Mircea Eliade, o maior especialista em religião do século 20, "o rito reforça o mito". Às vezes, recorrendo a um gesto espontâneo. Outro dia, eu estava em uma cidade litorânea, onde iria palestrar. Em frente ao hotel, havia uma praia. Caminhando descalço sobre a areia, às 5 e meia da manhã, sentindo o sol que nascia, me veio um forte sentimento de gratidão e rezei, em silêncio, uma oração, das consagradas. Já ontem, eu estava reunido com a família em volta da mesa. Diante da cena dos meus filhos com as esposas, novamente senti gratidão. Ergui a taça de vinho e brindei em agradecimento por aquele momento. Nem sempre a minha relação é de gratidão. Às vezes, é de apelo. Na crença, verdadeira para mim, de que a fonte de vida pode reforçar a minha capacidade de viver, eu peço. 

Existe, hoje, um maior impulso para a espiritualidade ou trata-se apenas de mais uma onda passageira? 
Guimarães Rosa disse que "o sapo não pula por boniteza, pula por precisão". De acordo com o headhunter e professor de gestão de pessoas Luiz Carlos Cabrera, a grande virada no mundo empresarial brasileiro ocorreu, de fato, no dia 31 de outubro de 1996 às 8h15, quando um avião da TAM, com 96 pessoas a bordo, todos eles executivos, exceto a tripulação, caiu sobre a cidade de São Paulo. Perdi dois amigos de infância nesse acidente. Aquele foi um momento de inflexão no mundo corporativo. Eu compartilho dessa opinião. As pessoas começaram a pensar: eu podia estar naquele voo e o que eu fiz até agora? Toda a ânsia que caracteriza o mundo corporativo, focada no lucro, na competitividade, na carreira, começou a ser relativizada. 

Mas existem também fatores de fundo, que afetam o mundo. 
É claro. Um fator, talvez o principal, foi que o século 20, apostando na ciência e na tecnologia, nos prometeu a felicidade iluminada e ofereceu angústia. Em prol da propriedade, sacrificou-se a vida, a convivência, a consciência. O stress tornou-se generalizado, afetando adultos, jovens e até as crianças. Há uma grande diferença entre cansaço e stress. O cansaço resulta de um trabalho intenso, mas com sentido; o stress, de um trabalho cuja razão não se compreende. O cansaço vai embora com uma noite de sono; o stress fica. 

Há uma forte cultura da pressa e da distração. 
A tecnologia nos proporcionou a velocidade. Mas, em vez de usá-la apenas para fazer as coisas rapidamente, nós passamos a viver apressadamente. Assim como existe uma grande diferença entre cansaço e stress, existe também entre velocidade e pressa. Eu quero velocidade para ser atendido por um médico, mas não quero pressa durante a consulta. Quero velocidade para ser atendido no restaurante, mas não quero comer apressadamente. Quero velocidade para encontrar quem eu amo, mas não quero pressa na convivência. Tempo é uma questão de prioridades. Muita gente argumenta não ter tempo para a espiritualidade, para cuidar do corpo. E segue nesse ritmo apressado até sofrer um infarto. Se não for fatal, o infarto funciona como um sinal de alerta. O dia continua a ter 24 horas, mas quem sobrevive passa a acordar uma hora mais cedo para caminhar e se exercitar. O impulso espiritual também é um sinal de alerta. Não há pressa em segui-lo. Mas cuidado: é muito arriscado adiar indefinidamente para o ano que vem.

http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/atitude/mario-sergio-cortella-nao-adie-seu-encontro-espiritualidade-521429.shtml?func=2