Cheguei ao lugar onde se cruzam as palavras
À casa dos desejos que ninguém acreditou
Sentei-me numa cadeira inventada
Aprisionei meu pensamento e aqui estou
Aqui estou no limiar do credo nas pessoas
Na condição de justo vestido de injusto
No rosto uma máscara inventada por alguém
Arrochando ao peito a razão a muito custo
A poesia às vezes sabe-me a porcaria
As palavras a uma estúpida melodia
As convicções a um negro céu em ironia
E tu a uma farsa que me pareceu magia
Quando digo tu, falo de mim, para mim
Nada de confusões nesta indigestão poética
Hoje a musica sabe a desafinanço enlouquecido
Gerado numa alma patética
Pois é, palhaço ou profeta
Escolha lá se faz favor meu senhor
Umas vezes sou o génio cá da rua
Outras um perfeito estupor
Um anátema preso num baú
Um actor mudo que chora de si
Uma comédia de enganos menor
Um ir, voltar, o longe, o aqui
Conheço todos os verdes da ilha
O lado escuro da maravilha
Uma saudade que se perdeu com a idade
Uma aurora que morreu de velha
Conheço também uma história engraçada
De um homem que durante toda a vida não disse nada
Quando morreu não soube onde era o céu
Ficou na ilha como alma penada
De penas pois se vestem certas almas
Uma verdadeiras, outras um logro
Dormitei para aí cerca de um minuto
E acordei nesta…Maré de Fogo…


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