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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

o profeta


A chuva levou-me os pesares
Lavou-me uma mancha colada à alma
Esta cólera, este fogo que me arrocha o peito
Esta pálida e esmorecida chama

Parti hoje à procura das cores
Estão todas espalhadas por aí
Procurei um esquecido e feliz sonho
Abri a janela da alma e nada vi

Ergueram-se muros de altas pedras
O Sol decidiu esconder-se de mim
Nos chuvosos armazéns da minha infância
Procurei um princípio que nunca parasse no fim

Nunca mais cantarei a saudade e o amor
Enterrei as penas no fundo de uma Lagoa
Senti o terrível e o incomensurável
Ouvi tanta boca dizer que não sou gente boa

E isto não é à toa…
Sou um pedaço de barro malparido por um deus
Palhaço que afugenta o riso
Espantalho que atrai os ateus

Sou, ou não serei grande coisa
Um fato vazio que segue coxeando
Vou ferido, talvez não sangrando
Sou talvez apenas um profeta pateta de nome armando

Inventei o nome e todas as criaturas que julguei puras
Inventei uma cidade onde as maçãs nunca são maduras
Inventei uma história que disse a todos ser a minha
E vi o meu fim ao cair das alturas
Que pena não ter sido assim…
Hoje a minha caneta não tem grande apreço por mim
Talvez porque ao olhar-me no espelho
Visse o rosto de um…Triste Arlequim…

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